CACHAÇA CINEMA CLUBE
24 DE NOVEMBRO DE 2010
SESSÃO POLÍTICA
24 DE NOVEMBRO DE 2010
SESSÃO POLÍTICA
Eleições findas, o Cachaça Cinema Clube do dia 24 de novembro retoma um dos temas preferidos do cinema brasileiro, a política, e promove uma noite dedicada inteiramente a ela.
Não vem de hoje o uso do cinema como instrumento ideológico e no Brasil, pais de passado político peculiar, ele foi magistralmente trabalhado por uma grande parte da classe cinematográfica que nos deu movimentos, obras-primas e, porque não, alguns fracassos. Tudo inspirado pela necessidade de manifestação diante dos fatos reais. Necessidade que não se extinguiu com o tempo, tanto que ainda hoje muitos dos nossos realizadores ainda usam suas produções como forma de conscientizar, reclamar, expor, enfim, atuar politicamente.
Na sessão, filmes acerca dos discursos políticos - os concretos e os subjetivos - em variadas vertentes: lutas ideológicas, guerrilhas, micropoderes, eficácias, inépcias e falácias.
Andrômeda, a menina que fumava sabão, do videoartista Carlosmagno Rodrigues, foi premiado pelo Cachaça Cinema Clube em 2009 e será finalmente apresentado. O filme versa sobre a imposição de modelos idealizados para nós, homens no mundo contemporâneo. Do idealismo modernista ao extremo fascista, o filme tem beleza e força questionadora ímpares.
Em homenagem à presidente eleita, exibiremos Clandestinos, da cineasta também mineira Patrícia Moran, que traz às telas as lembranças da geração que lutou pela liberdade contra a ditadura militar no Brasil. Em oposição aos tempos de chumbo de outrora, hoje temos como presidente uma sobrevivente dessa geração e ideologia.
Lembranças Telebras, de Pedro Bronz, é um registro histórico re-cente, sobre o furor neoliberalista da década de 90. Parece que foi há muito tempo atrás, mas foi ontem.
DESTAQUES
O Cachaça tem o prazer de exibir 2 títulos indiscutivelmente clássicos do cinema brasileiro, de 2 dois maiores cineastas da nossa história: Maranhão 66, do saudoso Glauber Rocha; e Bla bla bla, do grande Andrea Tonacci.
Bla bla bla é uma superprodução experimental, que conta com nada mais nada menos do que Paulo Gracindo e Nelson Xavier no elenco. Retrato das inquietações da época - o ano era 1968 - o filme tem ditadores, televisão e guerrilheiros, e é uma das mais importan-tes obras do Cinema Marginal brasileiro.
Maranhão 66 é um filme encomendado por José Sarney a Glauber Ro-cha, e é exemplo da grande força da arte frente a qualquer restrição. Convidado para documentar a posse do político como governador do estado do Maranhão, Glauber extrapola a encomenda e realiza uma obra-prima, confrontando a retórica e a realidade.
“Tomava eu posse no Governo do Maranhão e fiz uma ousadia que não deveria ter feito com um amigo da estatura de Glauber Rocha. Eu lhe pedira que documentasse a minha posse. Glauber fez o documentário que foi passado numa sala de cinema de arte, há 15 anos. E quando o público viu que uma sessão de cinema de arte ia ser passado um documentário que podia ter o sentido de uma promoção publicitária, reagiu como tinha que reagir. Mas aí, o documentário começou a ser passado, e quando terminaram os 12 minutos o público levantou-se e aplaudiu de pé, não o tema do documentário mas a maneira pela qual um grande artista pôde transformar um simples documentário numa obra de arte: ele não filmou a minha posse, ele filmou a miséria do Maranhão, a pobreza, filmou as esperanças que nasciam do Maranhão, dos casebres, dos hospitais, dos tipos de ruas, e no meio de tudo aquilo ele colocou a minha voz, mas não a voz do governador. Ele modificou a ciclagem para que a minha voz parecesse, dentro daquele documentário, como se fosse a voz de um fantasma diante daquelas coisas quase irreais, que era a miséria do Estado”.
Senador José Sarney, no Jornal do Brasil, (Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 1981)
A FESTA
Após os filmes, a noite segue com degustação da Aguardente Claudionor, cachaça mineira de qualidade superior. Concomitante ao debate informal e sempre acalorado sobre os filmes, DJ H promove mais uma festa altamente dançante, com seu repertório nada óbvio. Na set list, canções revolucionárias e hinos de luta ao som de cha cha cha.
Não vem de hoje o uso do cinema como instrumento ideológico e no Brasil, pais de passado político peculiar, ele foi magistralmente trabalhado por uma grande parte da classe cinematográfica que nos deu movimentos, obras-primas e, porque não, alguns fracassos. Tudo inspirado pela necessidade de manifestação diante dos fatos reais. Necessidade que não se extinguiu com o tempo, tanto que ainda hoje muitos dos nossos realizadores ainda usam suas produções como forma de conscientizar, reclamar, expor, enfim, atuar politicamente.
Na sessão, filmes acerca dos discursos políticos - os concretos e os subjetivos - em variadas vertentes: lutas ideológicas, guerrilhas, micropoderes, eficácias, inépcias e falácias.
Andrômeda, a menina que fumava sabão, do videoartista Carlosmagno Rodrigues, foi premiado pelo Cachaça Cinema Clube em 2009 e será finalmente apresentado. O filme versa sobre a imposição de modelos idealizados para nós, homens no mundo contemporâneo. Do idealismo modernista ao extremo fascista, o filme tem beleza e força questionadora ímpares.
Em homenagem à presidente eleita, exibiremos Clandestinos, da cineasta também mineira Patrícia Moran, que traz às telas as lembranças da geração que lutou pela liberdade contra a ditadura militar no Brasil. Em oposição aos tempos de chumbo de outrora, hoje temos como presidente uma sobrevivente dessa geração e ideologia.
Lembranças Telebras, de Pedro Bronz, é um registro histórico re-cente, sobre o furor neoliberalista da década de 90. Parece que foi há muito tempo atrás, mas foi ontem.
DESTAQUES
O Cachaça tem o prazer de exibir 2 títulos indiscutivelmente clássicos do cinema brasileiro, de 2 dois maiores cineastas da nossa história: Maranhão 66, do saudoso Glauber Rocha; e Bla bla bla, do grande Andrea Tonacci.
Bla bla bla é uma superprodução experimental, que conta com nada mais nada menos do que Paulo Gracindo e Nelson Xavier no elenco. Retrato das inquietações da época - o ano era 1968 - o filme tem ditadores, televisão e guerrilheiros, e é uma das mais importan-tes obras do Cinema Marginal brasileiro.
Maranhão 66 é um filme encomendado por José Sarney a Glauber Ro-cha, e é exemplo da grande força da arte frente a qualquer restrição. Convidado para documentar a posse do político como governador do estado do Maranhão, Glauber extrapola a encomenda e realiza uma obra-prima, confrontando a retórica e a realidade.
“Tomava eu posse no Governo do Maranhão e fiz uma ousadia que não deveria ter feito com um amigo da estatura de Glauber Rocha. Eu lhe pedira que documentasse a minha posse. Glauber fez o documentário que foi passado numa sala de cinema de arte, há 15 anos. E quando o público viu que uma sessão de cinema de arte ia ser passado um documentário que podia ter o sentido de uma promoção publicitária, reagiu como tinha que reagir. Mas aí, o documentário começou a ser passado, e quando terminaram os 12 minutos o público levantou-se e aplaudiu de pé, não o tema do documentário mas a maneira pela qual um grande artista pôde transformar um simples documentário numa obra de arte: ele não filmou a minha posse, ele filmou a miséria do Maranhão, a pobreza, filmou as esperanças que nasciam do Maranhão, dos casebres, dos hospitais, dos tipos de ruas, e no meio de tudo aquilo ele colocou a minha voz, mas não a voz do governador. Ele modificou a ciclagem para que a minha voz parecesse, dentro daquele documentário, como se fosse a voz de um fantasma diante daquelas coisas quase irreais, que era a miséria do Estado”.
Senador José Sarney, no Jornal do Brasil, (Rio de Janeiro, 25 de Agosto de 1981)
A FESTA
Após os filmes, a noite segue com degustação da Aguardente Claudionor, cachaça mineira de qualidade superior. Concomitante ao debate informal e sempre acalorado sobre os filmes, DJ H promove mais uma festa altamente dançante, com seu repertório nada óbvio. Na set list, canções revolucionárias e hinos de luta ao som de cha cha cha.
OS FILMES
Clandestinos, de Patrícia Moran, 2001, 12’O filme apresenta imagens-situações sobre o processo de esconde-esconde vivido por estudantes que, no final dos anos 1960, lutaram politicamente pela igualdade social, sendo perseguidos e assassinados.
Andrômeda, a menina que fumava sabão, de Carlosmagno Rodrigues, 2009, 15’Não tenho poder de mudar ninguém e, caso o tivesse, faria força pra manter o livre arbítrio das pessoas que amo.
Lembranças Telebrás, de Pedro Bronz, 1998, 5’Praça XV, palco de Guerra. O neoliberalismo em seu apogeu. Imagens captadas durante o leilão da privatização da Telebrás.
Bla bla bla, de Andrea Tonacci, 1968, 26’Um ditador que tenta justificar seu programa de governo por meio da televisão. Um casal de guerrilheiros e um debatedor da situação política do momento.
Maranhão 66, de Glauber Rocha, 1966, 8’Realizado em 1966 por ocasião da posse de José Sarney no Governo do Estado. Em contraponto ao discurso do governador eleito, Glauber filmou a miséria, a pobreza e as esperanças que nasciam dos casebres, dos hospitais no Maranhão.
Cachaça Cinema Clube
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Dia 24 de novembro às 21h30
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Cinema Odeon Petrobras
Praça Floriano, nº 7. Cinelândia
Preço: 12 Reais inteira, 6 Reais meia
Cinema Odeon Petrobras
Praça Floriano, nº 7. Cinelândia
Preço: 12 Reais inteira, 6 Reais meia
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