Aristóteles disse que a apreensão e entendimento da realidade dá-se a partir dos cinco sentidos e a partir da apreensão e entendimento desses sentidos o homem moderno percebe que tudo é recriação. Ou seja, a realidade é a constante recriação dos sentidos das pessoas que se sucedem enquanto “Tudo que é sólido se desmancha no ar”.
Em outras palavras tudo pode ser o que quisermos que seja.
Vê-se apenas o que se quer ver.
Ouve-se apenas o que se quer ouvir.
No entanto, isso é bastante perigoso. Pensar como escrevo seria cruel com muitos, pois, isso significaria admitir que os referenciais não existem ou se relativizam demais. Mas será que precisamos deles? De qualquer maneira, o curioso é que vivemos como se eles existissem e fizessem muito sentido dirigindo nossas vidas.Vivemos, então, de acordo com as invenções dos soberanos que nos regem legitimados pela nossa imaginação. Assim, somos resultados da imaginação dos outros, entendendo-se também aqui como imaginação a memória e a prospecção.
É mais ou menos o que disse Thomas Hobbes, no livro Leviatã, “Só o presente tem existência na natureza – no momento da apreensão dos sentidos. As coisas passadas têm existência apenas na memória, mas as coisas que estão por vir não têm existência alguma, sendo o futuro apenas uma ficção do espírito”.
Graças ao ideal de sociedade planejado e pretensamente executado para garantir a ordem, somos o que os outros quiserem que sejamos e não o que queremos ou gostaríamos que fôssemos.
Nessa perspectiva, Ferreira Goullart disse certa vez que a maior invenção do homem teria sido a invenção de Deus por garantir uma origem, uma ordem e uma redenção. Complexo. Assim, Deus é imaginação, desejo, realidade e memória. E se Deus é amor... O amor não existe ou deixa sempre de existir quando os sentidos apreendem outros sentidos em mais uma tentativa de apreender mais uma origem, ordem e redenção como necessidade porque não sabemos quem somos, de onde viemos e para onde iremos. Haja necessidade!
Pautamos nossas vidas na memória: somos resultados das últimas lembranças dos outros; pautamos nossa vida no futuro porque achamos que temos vocação para o desejo da memória dos outros para nos imortalizar. Talvez, inclusive, seja por isso que muitos de nós oremos ou queira enriquecer. Talvez, por isso, a realidade seja impossível e gere tanta tristeza como gera agora.
Quanto tempo pode durar a realidade enquanto não se torna memória ou desejo futuro? Tudo é tão pouco tempo... E agora?
_texto que eu li num blog mas não lembro qual...
Nossa bem profundo.. gostei disso!
ResponderExcluirrs