sábado, 17 de outubro de 2009

Teatro: A Farsa da Boa Preguiça





O palco inicia todo escuro, de repente acendem todas aquelas luzinhas, bem típicas de peças de Ariano, com aquele cenário lindíssimo - sertanejo, rúsitco, lúdico - que nos transporta para o nordeste e seus personagens. As falas são todas em versos.




Com vários atores globais, que apesar de, são muito engraçados e empáticos em cena. Ernani Moraes conversa muito com a platéia e fica um clima muito bom. Já o Guilherme Piva não faz sotaque sertanejo nordestino e sim a voz do Barney (dos Flinstones) e fica meio estranho, mas ele me conquistou com a expressão corporal dele. É hilário !


Mas a mais estranha, mais esquisita, mais hilária é a atriz que faz Andressa/Cabra, não dá pra esquecer a cabra que ela faz. É demais !


E o cenário é lindo, ainda tem teatro de mamulengos e muita música popular nordestina.


Está recomendadíssima! Uma perfeição de Ariano Suassuna.


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Peça de Ariano Suassuna.
Teatro Carlos Gomes, na Praça Tiradentes, Centro do Rio.
De quinta a domingo às 19:30h.


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Barbara Heliodora disse:
Sempre influenciado pelo teatro medieval, ao fazer seu elogio do ócio criador, Ariano Suassuna recorre (tomando todas as liberdades necessárias) à forma da Moralidade, com suas três pequenas e divertidas histórias exemplares. Vítima do mais que merecido e insuperável sucesso do "Auto da Compadecida", sua primeira obra conhecida, Suassuna tem tido muitas vezes sua dramaturgia desvalorizada porque comparada com sua obra-prima, o que não é justo. A "Farsa da boa preguiça", agora em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, é um aproveitamento exemplar do folclore nordestino, com seus tipos, sempre um tanto exagerados e altamente representativos, seu diálogo rico em humor, sua ação com encontros e desencontros dignos de Feydeau, que fazem rir sem perder seu significado crítico.
A encenação atual é, de longe, a melhor e mais elaborada que a "Farsa" já teve até hoje, e dificilmente algum espetáculo será mais bonito e brasileiro para olhos e ouvidos. Tudo, na cenografia de Ney Madeira e nos figurinos de Rodrigo Cohen, fala ao mesmo tempo de Nordeste e de festa, tudo é rigorosamente autêntico, embora totalmente transformado em linguagem cênica. A luz de Paulo César Medeiros ressalta a vida desse universo de cores, bandeiras, fitas, mamulengos. Por outro lado, têm igual mérito a direção de movimento de Duda Maia, o preparo vocal de Carol Futuro e a direção de mamulengos de Gil Conti.
A direção de João das Neves mantém claro o conteúdo de cada história, fazendo das três o conjunto significativo que Suassuna concebeu. Ágil, festiva, amorosa, a direção ressalta todas as qualidades do texto, traz o espetáculo para perto do público, cria um ambiente de total conivência entre palco e platéia.
_e eu concordo com ela ! rs.

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