sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Portfolios Online

Li um artigo sobre  alguns passos que devemos dar para vivermos somente de Fotografia.



 * texto: Alex Villegas, no site do Instituto Internacional de Fotografia

Há um certo ponto em nossas carreiras em que se torna necessário dar a cara para bater – uma vez que temos uma identidade visual e um portfolio representativo dessa identidade, é preciso mostrar esse portfolio a potenciais clientes. E para isso, além do portfolio impresso – sim, ele ainda é necessário, mesmo hoje em dia – precisamos afirmar nossa presença onde mais se procuram serviços de fotografia: na Internet.
Mas como se faz para ter essa presença na web, com um bom custo-benefício?
Ao procurar por “online portfolio” no Google, encontrei nada menos do que 30 diferentes soluções para publicar suas imagens na web, algumas gratuitas, outras pagas. Então, como escolher sua solução? Antes de mais nada, cabe um pouquinho de estratégia.

PLANEJANDO
Em primeiro lugar, nosso portfolio na web é uma solução para um problema específico. Para melhor determinar a solução, convém conhecer melhor o problema.  Então, antes de começar a pesquisar, faça-se as seguintes perguntas:
Onde meus potenciais clientes procuram fotógrafos?
Como pretendo levar o cliente ao portfolio online?
O que preciso mostrar para convencê-lo a me contratar?
Que recursos adicionais seriam convenientes?
Posso integrar o serviço às minhas redes sociais?
Quais são os termos de publicação das minhas imagens? O provedor de serviços de alguma maneira tenta se apropriar delas, ou pelo menos lucrar com minhas imagens?
Anote as respostas – vai se surpreender com a quantidade de serviços de publicação que são automaticamente desqualificados pelas respostas dessas perguntas. Uma vez de posse dessas informações, vamos analisar quatro diferentes opções:

FLICKR
É impossível falar em portfolio online sem falar no Flickr, um dos serviços de compartilhamento de imagens mais populares da Internet. Com ferramentas altamente desenvolvidas de busca e tagging (é possível atribuir e buscar todo tipo de metadado nas imagens), normalmente é o primeiro serviço a ser cotado, principalmente pela facilidade de uso e de transição, já que a grande maioria dos apaixonados por fotografia possui uma conta no Flickr.
O processo de cadastramento é fácil e direto, em www.flickr.com – apenas alguns formulários depois, sua conta já está ativa, e é possível entrar em diversos grupos de discussão de fotografia, além de poder fazer buscas relacionadas a todas as tagsfotográficas. Ou seja, se você acabou de adquirir uma super grande angular, pode procurar referências do que está sendo feito com essa lente pela comunidade fotográfica.
Excelente para quem está aprendendo, não? E compartilhar as fotos é muito simples – é possível fazer upload das imagens via celular, browser de web, um pequeno software proprietário ou ainda do Lightroom 3, que possui uma extensão para compartilhamento direto no serviço. As publicações e comentários ainda podem ser facilmente disseminadas através das redes sociais como Facebook e Twitter.
Contra todos esses benefícios está a interface, um pouco confusa para um eventual cliente. Sim, porque é aos clientes que queremos mostrar o nosso trabalho, e é nesse ponto que o Flickr nos frustra, por ser uma comunidade fotográfica: a esmagadora maioria dos nossos visualizadores lá serão outros fotógrafos.
Para contornar essas limitações, há ferramentas como o Zuinn, que monta um portfolio de layout simples, a partir de suas galerias no Flickr – seu endereço de web passa a ser algo como www.zuinn.com/seuusuárionoflickr, e o visual fica mais organizadinho.  E sempre se pode registrar o domínio com o nome de seu interesse e redirecionar para seu endereço no Zuinn.
Fica ainda o problema de levar o cliente até seu portfolio – estratégias de SEO e divulgação nas redes sociais ficam mais complicadas, além da falta de recursos como trilha sonora e vídeos.
Antes de optar pelo Flickr, com ou sem Zuinn, dê uma investigada sobre qual a aceitação desse tipo de portfolio entre seus clientes. Em determinados círculos, o serviço é muito bem aceito e tido como padrão, e não se pode ignorar o acordo entre o Flickr e a Getty Images – esta última procura fontes para banco de imagens lá, o que pode ser uma boa para quem trabalha ou quer trabalhar com stock images. Em outros segmentos do mercado, como casamento e publicidade, uma página no Flickr é vista por muitos como evidente sinal de amadorismo.

CARBONMADE
Para quem deseja apenas a simplicidade de ter um portfolio online, sem precisar abrir uma conta em um serviço de compartilhamento de fotos, existem as opções como o Carbonmade (www.carbonmade.com). A mais enxuta das opções, é extremamente fácil de configurar e fazer o upload das imagens – definitivamente uma estrutura que não dá dor de cabeça. Em um layout basicamente fixo, podemos montar uma sequência de galerias, que podem conter fotos e/ou vídeos, além de preencher um perfil com foto e informações de contato e tags para busca.
Tags para busca? Sim, porque o Carbonmade se propõe a ser não só uma central de hospedagem de portfolios, mas uma rede pronta a fazer a conexão cliente/artista. No campo de busca, um eventual cliente pode digitar palavras chave como “fotógrafo de moda” e encontrar uma série de portfolios desses fotógrafos para avaliar e posteriormente contratar.
É aí que encontramos alguns contras do sistema: é necessário que haja o emprego desse tipo de solução por parte do cliente para que ele nos encontre através do mecanismo. Na comunidade de ilustradores e artistas digitais, além de fotógrafos autorais e mais alternativos, por exemplo, é muito comum a busca e contratação de profissionais através de serviços como o Carbonmade e DeviantArt. E esses serviços são muito mais populares fora do Brasil, o que elimina boa parte dos potenciais clientes.
Mesmo assim, o custo zero do portfolio e a extrema facilidade de uso do Carbonmade faz dele uma boa opção de exibição de imagens online – mas o usuário deverá fazer um esforço à parte para levar o cliente até seu portfolio, visto que são poucos os que se beneficiam desse mercado que contrata através do serviço.

LRB PORTFOLIO
Esta opção é realmente interessante para quem já possui um domínio registrado e hospedado, e utiliza o Adobe Lightroom para gerenciar suas imagens: o LRB Portfolio nada mais é do que um mecanismo de geração de galerias de web do Adobe Lightroom, habilidosamente modificado para produzir websites simples.
Depois de adquirir o mecanismo no website do desenvolvedor (www.lrbportfolio.com) – sim, é um plugin pago, mas custa a bagatela de 15 euros – o processo é bem simples: basta instalar o plugin e reiniciar o Lightroom que o mecanismo fica disponível na aba Layout Style do módulo Web.
O sistema é relativamente intuitivo, e é possível montar um pequeno website com página de abertura, seis galerias de até trinta imagens, dois links externos (como links para um blog, por exemplo), página de contato com links específicos para Flickr, MySpace, Facebook, Twitter e LinkedIn, além dos meios naturais de contato (telefone e email). Uma página para uso geral é disponibilizada, além de um campo para sua ID do Google Analitycs – ou seja, há ferramentas de sobra para fazer seu próprio SEO, ou divulgação na Internet. Apesar disso, como o website é executado em Flash, os sistemas de busca não têm acesso ao texto contido nas páginas – isso pode ser contornado com um pouco de edição no código final, mas exige algum conhecimento e não é muito intuitivo.
Refazer as galerias também é algo muito rápido e tranquilo: basta substituir as imagens e reexportar o site, tudo a partir do Lightroom, como com qualquer galeria de web ou apresentação.
Mas essa rapidez e economia toda têm seus contratempos: fazer o layout é algo complicado e cheio de limitações, então todos os sites produzidos com essa ferramenta ficam com a mesma cara. Mesmo evitar que o seu logotipo fique por cima das fotos ou que as imagens horizontais fiquem muito maiores e mais evidentes do que as verticais é tarefa que demanda um certo trabalho. Montar algumas imagens (especialmente a de início) no Photoshop com margens assimétricas ou áreas escuras para facilitar a diagramação pode ser extremamente útil. O Portfolio também possui um irmão chamado LRB Exhibition, com a diagramação ligeiramente diferente e outros recursos.
Não há espaço para vídeos, ou trilha sonora – o que não faz diferença, dependendo do seu segmento de atuação no mercado fotográfico. Se a simplicidade e visual “engessados” dos mecanismos da LRB são suficientes para representá-lo na web, esta acaba sendo uma das soluções de melhor custo benefício do mercado.

4ORMAT
Ainda na pegada dos sites minimalistas, um sistema que dá a simplicidade visual do LRB Portfolio sem estar vinculado ao Lightroom é o 4ormat. Com uma interface extremamente simples e poucas opções de layout, o forte do sistema é a praticidade e a curva de aprendizado praticamente zero. É possível colocar links, elementos de texto e vídeo em galerias específicas, e com um valor extremamente acessível: US$ 4,99 no plano básico.
Outras facilidades são a geração automática de versões do website para iPad e iPhone, compatibilidade com o Google Analytics e o fato dele aceitar o upload em alta resolução – o reescalonamento das imagens é automático. Para quem quiser conferir, o site é www.4ormat.com.

SHOWIT! FAST
Para efeitos de classificação, considerei o ShowIt! como uma versão anabolizada do LRB Portfolio – a interface do software inclusive lembra o Lightroom. Mas as semelhanças param por aí, porque o ShowIt! não é uma extensão, é um aplicativo individual, baseado em Adobe AIR (o mesmo mecanismo de softwares como o Tweetdeck).
É o mais versátil da turma, permitindo trilha sonora, vídeos, as mais diversas diagramações e layouts, cores e distribuições de links. É possível baixar e experimentar o aplicativo – há uma versão disponível para teste em http://www.showitfast.com/#/download/ – e uma vez registrado, ele dá acesso à área de templates, com muitos modelos para serem integralmente usados ou editados a seu gosto. O trabalho exige praticamente zero de conhecimento de código, sendo todo baseado em drag and drop (arrastar e soltar) a partir de paletas específicas.
O website resultante é em Flash, mas o ShowIt gera um website paralelo em HTML que roda sem problemas em Iphones e Ipads.
A favor do ShowIt eu encontrei a extraordinária flexibilidade, a facilidade de uso do software (que tem versão em português) e a conveniência da implementação (inclui hospedagem do website, em um domínio www.seunome.showit.com, mas que pode ser redirecionado como todo domínio). A comunidade brasileira de usuários está crescendo e pode ser encontrada em www.getshowit.com/brasil.
As ferramentas de SEO são bem desenvolvidas e fáceis de usar, criando links para redes sociais e gerando um código com todas as tags do texto utilizado no website para facilitar a tarefa dos mecanismos de busca.
Entre os contras, está o custo – 30 dólares por mês para os usuários brasileiros, o que não é exatamente uma fortuna, mas eleva o ShowIt ao posto de solução mais cara desta matéria.
Além disso, por ser em base Flash e suportar vídeo, som e exibição em tela cheia, os websites tendem a se tornar bastante pesados, e em tempos de briga entre as plataformas Flash e HTML5, não sabemos exatamente se ou quando o formato Flash se tornará obsoleto.

CONCLUINDO
Aqui foram analisadas apenas algumas poucas opções – procurei eleger, dentre as principais categorias de serviços, as mais importantes. Similares são fáceis de encontrar em todas as categorias, e funcionam basicamente da mesma maneira, apenas mudando preço e algumas funcionalidades, algumas vezes nem isso.
Mais do que soluções estéticas, esses serviços trazem identidade ao fotógrafo, então lembre-se de direcionar a sua presença na web em relação ao seu público alvo – se gosta de fazer retratos de bandas de rock alternativo, um Carbonmade/DeviantArt é mais do que recomendável. Pessoas comuns têm muito acesso ao Flickr, os clientes de casamento gostam muito de vídeos e trilhas sonoras, editores de moda gostam de minimalismo. Cada mercado tem suas sutilezas.
Apenas uma regra é geral, contudo: suas imagens dizem quem você é artisticamente, mas é o seu website que descreve quem você é comercialmente. Pense nisso e bons negócios!


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