sábado, 24 de setembro de 2011

ARTE EM XILOGRAVURA | J. BORGES

Cordel de J. Borges
"A Vida no Sertão"


O ARTISTA
José Francisco Borges nasceu na cidade de Bezerros, Pernambuco, em 20 de dezembro de 1935. J. Borges, como ele é mais conhecido e gosta de ser chamado, começou a ajudar o pai agricultor na lavoura aos oito anos de idade e antes de descobrir a literatura de cordel e a xilogravura trabalhou como artesão, marceneiro, pedreiro, carpinteiro e pintor. Ele explica que sua relação com o cordel começou aos 20 anos, quando, depois de economizar um dinheirinho, ganho com a venda de brinquedos de madeira fabricados por ele, comprou alguns cordéis para revender na feira de Bezerros. "Me apaixonei e hoje o cordel é tudo para mim", afirma.



A OBRA
Sua primeira obra foi "O encontro de dois vaqueiros no sertão de Petrolina", com xilogravura do Mestre Dila, publicada em 1964. O cordel atingiu a marca de cinco mil exemplares vendidos, em 60 dias. No ano seguinte, J. Borges fez sua primeira xilogravura para o folheto "O Verdadeiro aviso de Frei Damião (sobre os castigos que vêm)", também de sua autoria. Em quase 40 anos de carreira, J. Borges escreveu mais de 200 cordéis, que, com exceção do primeiro, foram ilustrados por ele próprio.

"A Chegada da Prostituta no Céu" 
é o cordel de maior sucesso de J. Borges e vendeu mais de 100 mil exemplares


O artista destaca a gravura "A chegada da prostituta no céu", de 1976, como sua obra mais famosa. "A gravura deu origem ao cordel de mesmo nome na década de 80, porque todos me pediam para contar a história da gravura", explica. Sua obra retrata o cotidiano do homem do Nordeste, a cultura e o folclore e a luta do povo na vida do sertão. Outro tema freqüente no cordel e gravuras de J. Borges é o cangaço.

Mas não são somente os cordéis que têm ilustrações do artista pernambucano. J. Borges já ilustrou capas de discos e livros, dos quais vale destacar "Palavras Andantes", do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano. Sua experiência internacional inclui exposições e oficinas realizadas em diversos países. Uma das exposições percorreu 20 países europeus na década de 70. "No Brasil, são poucas as cidades onde minha obra ainda não passou", afirma. Países como Estados Unidos, França, Alemanha, Suíça e Venezuela já receberam J. Borges para ministrar palestras e oficinas.

Hoje essas xilogravuras são impressas em grande quantidades, em diversos tamanhos, e vendidas a intelectuais, artistas e colecionadores de arte. Os temas mais solicitados em seu repertório são: o cotidiano do pobre, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrução, os folguedos populares, a religiosidade, a picardia, enfim todo o universo cultural do povo nordestino.

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