sexta-feira, 18 de junho de 2010

ELEANOR LUCIANA


Eleanor Rigby
Outro dia passeando pelas ruas do meu Rio, num dia sem chuva, com o sol ainda receoso de se mostrar, no caminho da praia para o centro da cidade, um dia quase útil, pois se espremia entre feriados, vi Eleanor Rigby caminhando e, com um sorriso triste, olhou para mim.


Infindáveis Eleanores Rigbys transitam na cidade, esbarram em nós na fila do banco, no restaurante a quilo, na espera do filme ou da peça, na loja de conveniência ou no supermercado.

Todos nós, homens e mulheres também Rigbys na vida, caminhando pelo Rio.

Na mesa de um barzinho na Glória, com um copo de cerveja como companheiro somente, nos corredores da Livraria da Travessa, no píer da Barra olhando o mar, sentado ao lado da estátua de Drummond, num ônibus super apertado , na Casa França- Brasil ou passeando com um sua gata pelo Leblon, vejo mais Rigbys.

Penso às vezes, que este aparecimento é sazonal, pois basta trocar as estações e o inverno se aproximar, mais e mais Rigbys vemos cruzando nosso quase ensolarado caminho.

Quem sabe basta um oi, uma gentileza de abrir uma porta, uma frase, um obrigado para que as cores apareçam onde só parece existir o cinza, imagino.

Eleanor precisa de muito pouco quando o verão chega, uma vez que já ultrapassou o inverno interior salpicado de chuva e frio.

Respondo o sorriso triste de Eleanor,lembrando a canção:

All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?

***
Texto: João Siqueira
Foto: Auto-retrato Luciana Monteiro (máquina no tripé)

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